Juros nos EUA podem subir em novembro mesmo com eleição
Marcus Ashworth
18/10/201609h41
(Bloomberg) — Com a liderança de Hillary Clinton sobre Donald Trump nas pesquisas de opinião para a eleição presidencial dos EUA, o risco político enfrentado pelo banco central (Federal Reserve) está recuando, ainda que os integrantes da instituição jamais digam isso.
A chance de uma elevação de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros em dezembro é estimada perto de 70 por cento ? nível que, segundo o ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers, determina se há verdadeira possibilidade de mudança na política monetária em determinada reunião do Fed.
Mas será que o mercado está ignorando a possibilidade de acréscimo em novembro? Aparentemente sim. A probabilidade de elevação é estimada em 17 por cento.
Será que a presidente do Fed, Janet Yellen, optará por um aumento de juros antes da eleição? Este risco não pode ignorado.
Historicamente, as autoridades se mostraram dispostas a mexer nos juros na última reunião de política monetária antes de uma eleição. O estrategista de mercado do Bloomberg First Word Christopher Maloney destacou que, em nove eleições presidenciais entre 1980 e 2012, o Fed alterou os juros quatro vezes nos encontros que antecediam as votações. Uma decisão em novembro, segundo Maloney, chocaria o mercado, mas teria precedente.
As autoridades têm enfatizado a necessidade de elevação dos juros. Eric Rosengren, responsável pelo escritório regional do Fed em Boston, antes visto como alguém mais inclinado a uma postura branda, tornou-se um dos principais defensores de uma elevação iminente, afirmando estar correta a chance próxima de 70 por cento de alta em dezembro. Quem deu a mesma indicação foi o responsável pelo Fed de Nova York, Bill Dudley, cujos pronunciamentos sobre política monetária nos últimos 18 meses provavelmente foram os mais precisos.
O vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, também sinalizou maior contundência em discurso ontem. Ele comentou que, a 1,7 por cento, o índice de inflação preferido da instituição, o deflator do gasto pessoal, está bem perto da meta de 2 por cento. Ele também enfatizou que outras métricas, como o índice de preços ao consumidor, já estão acima de 2 por cento (no caso, 2,3 por cento).
Fischer, como Dudley, faz parte da guarda que caminha sempre ao lado de Yellen. Provavelmente, os comentários dele foram uma tentativa de esfriar expectativas do mercado de que o Fed talvez tolere mais inflação no curto prazo, após o discurso de Yellen na sexta-feira falando sobre “pressão alta” na economia.
Será que o Fed está sugerindo ao mercado que espere uma elevação de juros mais cedo?