Quinta-feira, 17/11/2016, às 21:35, por Thais Herédia
Globo Online
Cadê o fundo do poço?
A economia brasileira deverá sair do vermelho apenas no início de 2017. Este é o novo consenso entre os economistas sobre o comportamento da atividade. O PIB deve repetir uma queda no terceiro trimestre e, não valendo milagre, dificilmente pula para o azul nos últimos três meses do ano. Quem jogou a pá de cal na planilha dos mais otimistas foi o IBC-Br, o índice do Banco Central que mede o ritmo da economia mensalmente.
Aos números. Em setembro o país cresceu 0,15%, segundo o IBC, numa boa recuperação depois do colapso de 1,01% em agosto. A foto ampliada dos dados mostra que de janeiro de 2015 para cá, o índice só ficou acima do zero três vezes: abril, junho e setembro deste ano. O gráfico com os resultados mensais do indicador parece uma linha cardíaca em forte descompasso.
Esta volatilidade é explicável na coleta do BC pela metodologia que afere o comportamento da economia com mais sensibilidade do que a pesquisa do IBGE para o calculo do PIB. Por isso é mais indicado acompanhar os resultados trimestrais para enxergar melhor a trajetória que o país percorreu.
A fotografia de 2014 até aqui é de um coração muito fraco e fragilizado. A única vez em que o IBC-Br ficou acima do zero desde então foi no final daquele ano. Com o trimestre terminado em setembro, o indicador acumula sete períodos consecutivos de queda.
Se levarmos em conta apenas a estatística, já seria fácil estimar que entre outubro e dezembro próximos é improvável que a economia dê um salto. Quando somamos os dados mais recentes sobre atividade, como serviços e indústria, não resta dúvida de que o Brasil vai amargar mais um pouco a recessão.
Em fevereiro deste ano o gestor de investimentos mais famoso do Brasil estava descrente do impeachment, das reformas e da virada na economia.
Luis Stuhlberger, que comanda o Fundo Verde, em entrevista ao jornal Valor Econômico, declarou: “Caímos num buraco, logo vamos arrumar um jeito de sair dele. Mas provavelmente embaixo do buraco tem um alçapão”.
Até pouco tempo acreditávamos que o fundo do poço tinha ficado para trás, lá no segundo trimestre. Como no buraco tem pouca luz, não conseguimos perceber onde pisávamos. Era um alçapão. Tomara que seja o último da descida.