O tal do retrovisor

O tal do retrovisor

Agora temos as reformas, a recuperação, a safra recorde, avante. Avante?

Monica De Bolle*

08 Março 2017 | 05h00

“O legado de Dilma Rousseff finalmente ficou para trás.” Foi mais ou menos assim que as autoridades brasileiras optaram por descrever o catastrófico resultado de 2016. O PIB encolheu 3,6%. A taxa de poupança fechou o ano em míseros 13,9% do PIB. A taxa de investimento foi de apenas 16,4% do PIB. O encolhimento no ano passado não poupou nenhum setor produtivo e nenhum componente da demanda. A vermelhidão foi geral, hemorrágica. Mas, esse é o passado, dizem. Agora temos as reformas, a recuperação, a safra recorde, avante. Avante?
Entre 2013 e 2016, o PIB per capita brasileiro, isto é, o valor de tudo o que produzimos e geramos de renda dividido pelo número de habitantes caiu cerca de 9,5%. Para ter a dimensão do que isso significa, convido o leitor a fazer o seguinte experimento: procure no site do IBGE as projeções para o crescimento populacional de agora até 2024 – horizonte bíblico de sete anos. Com esses dados em mãos, suponha que a economia brasileira fique estagnada em 2017, isto é, presuma que tudo pare de piorar esse ano. Em seguida, suponha que em 2018 consigamos crescer perto de 1%, e que daí em diante retomemos uma taxa de crescimento de uns 2,5%. Diante da baixa produtividade da economia brasileira, difícil é imaginar que o Brasil possa crescer mais do que esses 2,5% anuais. Usando esses dados e hipóteses, é possível calcular a trajetória do PIB per capita nos próximos sete anos. Ela nada tem de auspiciosa.
As contas mostram que o PIB per capita em 2023, 10 anos depois de a economia brasileira registrar a última taxa de expansão razoável (de 2,5% em 2013), ainda estará cerca de 1,5% menor do que logo antes da débâcle construída por Dilma e Lula. De acordo com as hipóteses para o crescimento e com as projeções de aumento populacional do IBGE, a economia brasileira apenas voltará a ter o mesmo nível de PIB por habitante em 2024, isto é, no último ano do período bíblico. Diante dessas constatações, é difícil engolir a tese do retrovisor. O estrago não ficou para trás. A renda per capita brasileira provavelmente continuará a encolher durante o próximo governo, e, possivelmente, durante parte do que virá depois do próximo.
Claro que é sempre possível imaginar cenários mais otimistas do que esse. Imaginar é fácil, difícil é justificar. Sim, o governo brasileiro está levando a cabo diversas reformas importantes para o País. Sim, o governo merece ser reconhecido pelos avanços que conseguiu promover em meio ao caos político brasileiro. Mas, a recuperação para valer, aquela que trata de níveis, não de taxas de crescimento apenas, aquela que diz algo sobre em quanto tempo a economia brasileira terá retornado aos anos pré-crise, não está logo ali. Se tudo correr bem, retornaremos ao PIB per capita de 2013 daqui a muitos anos, não no ano que vem, nem no próximo. E, isso exige pausa para reflexão. Exige sair da euforia dos mercados, das análises corriqueiras de conjuntura. Isso exige pensar o que se fará para que o País consiga crescer de forma sustentável a uma taxa modesta ao longo dos próximos vários anos.
As reformas ajudam, mas não fecham questão. Como mostram as projeções do IBGE, entre 2016 e 2030, a taxa de crescimento da população terá diminuído de 0,8% para apenas 0,3%. Nós perdemos o bônus demográfico, a janela de crescimento populacional que poderia ter impulsionado o crescimento brasileiro caso tivéssemos dado atenção a alguns determinantes fundamentais da produtividade, como a educação. Ainda temos tempo de explorar outras vias para a melhoria do avanço tecnológico, como a abertura ao comércio internacional. Para tanto, é preciso que o Brasil comece desde agora a ter participação ativa nas discussões sobre o que será das relações globais com o provável fechamento e isolamento dos EUA.
Infelizmente, não há muito espaço para isso. O ambiente tóxico que continua a caracterizar a política nacional não permite que se olhe além da reforma da Previdência e da necessidade de proteger os políticos do ralo iminente.
Retrovisor. Recuperação do PIB per capita apenas daqui a sete anos não se presta à ideia de retrovisor. Os que não estão prestes a ser sugados pela Lava Jato deveriam estar não falando em retrovisores, mas explicando como mesmo seremos capazes de voltar a 2013.
*Economista, pesquisadora do Peterson Institute For International Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University

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