“O Brasil é um anão em termos de exportação”

Tem muito túnel até a próxima luz
Para Edmar Bacha, um dos pais do Real, a solução para a atual crise terá de passar pelo escrutínio de 2018 e pelo fim do terremoto político provocado pela Lava Jato

12/04/2017 – 06H59 – ATUALIZADA ÀS 08H35 – POR

No vácuo da PEC que estabeleceu um teto para os gastos públicos, vem a reforma da Previdência, a desvinculação de receitas da União e o fim da estabilidade de funcionários públicos. Essa é uma sequência ambiciosíssima, mas virtuosa, em se tratando de abrir um caminho para que o Brasil saia da recessão e volte a crescer. É o que defende o economista Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real. O difícil será aprovar esse receituário no Congresso. E, mesmo que isso ocorra, a recuperação será lenta. Para Bacha, a solução definitiva para a crise passa pela República de Curitiba e pelas urnas. Antes do fim da Lava Jato e das próximas eleições presidenciais, em 2018, os tempos bicudos não darão trégua.

Já dá para ver alguma luz no fim do túnel para a economia brasileira?
Não. Há dois pontos importantes que permanecem sem solução. Um deles é até onde vai a Lava Jato. O outro é a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a eventual anulação do pleito de 2014. Supondo que esses fatores não alterem o andamento do governo, a questão é saber quem será eleito em 2018. Haverá continuidade ou não da atual política econômica? Com um grau muito grande de incerteza, os empresários não investem.

Então, a política vai afetar a economia independentemente do que for feito no Ministério da Fazenda?
Sim. O que a política econômica faz é sustar o processo explosivo de aumento da dívida que estávamos vivendo no governo anterior. Mantendo aquela trajetória, o Brasil iria virar uma Grécia. Haveria uma crise da dívida de enormes proporções.

Qual foi o maior erro da política econômica de Dilma?
Foi não perceber que o mundo tinha mudado e não havia mais o impulso externo favorável das commodities e da entrada de capitais. Foi ter tido a ilusão de que, por causa do relativo sucesso da retomada em 2010, o Brasil poderia passar ileso pela crise externa e continuar com o mesmo nível de gasto observado durante o boom das commodities.

O governo Dilma sempre insistiu que a crise brasileira também é fruto do cenário internacional. O senhor concorda?
Quando o cenário externo muda, a política tem de se adaptar. O cenário externo piorou e não houve adaptação. Continuamos agindo como se pudéssemos financiar nossos gastos através de recursos externos.

O que deveria ter sido feito?
Eu concordo com a estratégia do atual governo. Era necessário garantir que a relação dívida pública sobre o PIB não iria explodir. A primeira condição era impor um teto ao crescimento da dívida. O segundo passo é a reforma da Previdência e o terceiro, a desvinculação de receitas. O quarto é mexer na estabilidade dos funcionários públicos.

A PEC do teto dos gastos, aprovada pelo Congresso, foi adequada?
Eu estou perfeitamente de acordo. Ela cria uma trajetória do gasto futuro consistente com a queda da dívida. Esse é o primeiro passo. Agora, estabelecido esse limite, se não houver reforma da Previdência, não vai sobrar dinheiro para mais nada.

Nada?
Não vai ter dinheiro nem para o papel higiênico.

A desigualdade caiu no Brasil na última década. Com a crise, há o risco de retrocedermos nesse aspecto?
Estamos ameaçados, sim, porque um dos componentes da melhoria foi a incorporação de pessoas com níveis mais baixos de renda no mercado de trabalho. Tivemos uma grande redução da informalidade. Os outros dois componentes foram o aumento do salário mínimo e as políticas sociais de distribuição de renda. Certamente, essas três vertentes estão em perigo.

O senhor disse que uma parte significativa dos gastos sociais no Brasil beneficia quem já tem dinheiro. Poderia explicar melhor?
No livro que fiz com Simon Schwartzman, Brasil: A Nova Agenda Social, estimamos que entre 20% e 25% do PIB são destinados a gastos sociais. Boa parte disso, no entanto, vai para os 20% mais ricos. É o caso da previdência de funcionários públicos e da judicialização da saúde, quando o Estado é obrigado a ter gastos extraordinários com remédios caríssimos e procedimentos ultrassofisticados. Isso tudo vai para quem pode pagar advogado. O que propusemos nesse livro foi direcionar os gastos sociais realmente para os 80% mais pobres, o que é uma dificuldade, não somente por causa das pressões corporativas, mas também porque a Constituição prevê universalização e gratuidade.

O senhor tem dito que o Brasil é um anão das exportações. Por quê?
O Brasil é um gigantinho em termos de PIB e um anão em termos de exportação. Temos 3% do PIB mundial. Ou seja, 97% do mercado potencial para as nossas empresas está fora. Há um mercado externo gigante que não está sendo aproveitado por essa ilusão de que temos um mercado interno grande. Os Estados Unidos são cerca de 25% do PIB global. Países enormes na fronteira tecnológica, em tese, podem se dar a esse luxo. Nós, não. Exportamos 1% do que o mundo exporta. Isso não faz sentido.

Os Estados Unidos são o nosso segundo parceiro comercial. A presidência de Donald Trump pode nos afetar negativamente?
Da maneira como eu leio o discurso do Trump, ele quer exportar mais. Ele fala que o pior acordo do mundo é o Nafta. Por que é o pior? Porque os Estados Unidos importam do México muito mais do que exportam. Por que ele quer colocar tarifas pesadas sobre a China? É porque a China importa dos Estados Unidos muito menos do que exporta para lá. Ele quer uma relação comercial mais equilibrada. Há duas maneiras de obter isso: importar menos ou os Estados Unidos exportarem mais. Não acredito que, na hora do vamos ver, ele vá optar por uma política protecionista. Isso porque, se optar, vai haver represália. O Trump não é um esquerdista. O pessoal fica horrorizado quando eu falo que, se o presidente fosse o Bernie Sanders, eu estaria com medo. Porque ele, sim, tem uma ideologia socialista. É uma outra concepção de economia. Mas o fato é que o Trump é um homem de negócios. Ele não é o Hitler, embora goste do Putin.

A eleição dele assusta o senhor?
Assusta tremendamente, mas do ponto de vista econômico, espero um comportamento mais consistente com o que ele é e com o que o Partido Republicano defende.

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