País pode ter mais um ano de PIB negativo, diz pesquisadora

País pode ter mais um ano de PIB negativo, diz pesquisadora
Para economista, delação da JBS reduziu os efeitos da política econômica, e o governo deve aumentar impostos
Entrevista com Silvia Matos
Altamiro Silva Junior e Douglas Gavras, O Estado de S.Paulo
30 Junho 2017 | 05h00
A escalada da crise política desde a delação da JBS pode postergar ainda mais a recuperação da economia e fazer o Brasil registrar o terceiro ano consecutivo de crescimento negativo do Produto Interno Bruto (PIB), afirma a pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), Silvia Matos. “A economia não vai reagir, ao contrário, ela pode sofrer mais.” Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista da economista:
Qual a sua previsão para o PIB deste ano?
Temos 0,2% para este ano, mas, excluindo o agronegócio, pode ficar negativo em 0,3%. Esse era um ano de transição, não de recuperação, de colocar todas as variáveis no lugar certo. A economia não vai reagir, ao contrário, pode sofrer mais ainda do que estava precificado. Há o risco de a recessão se prolongar mais, mas ela foi tão severa que a capacidade de queda não é mais tão grande. No fim do ano passado, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, falava que a economia já estava em velocidade de cruzeiro. Adoraria que estivesse, mas a probabilidade de que esse cenário não se realizaria era alta. Hoje, é fácil o PIB escorregar para o negativo.
A crise política já tem impactado nos indicadores de atividade?
Sim, a gente percebe que os indicadores caíram. Após o processo da mudança de governo, as expectativas explodiram e a crise atual fez tudo piorar. A recuperação demonstrava ser bem gradual e o risco de reversão das expectativas já estava ficando mais claro, mas, com esse evento (delação da JBS), houve reversão mais forte. Quando se olha para a situação atual, dá para perceber que houve muito otimismo e todo mundo baixou a bola um pouco. O que está havendo agora é uma reversão das expectativas. O segundo trimestre vai ser negativo, com certeza, terceiro e quarto serão próximos de zero.
O governo vai precisar aumentar impostos para conseguir cumprir a meta fiscal?
A trajetória da dívida pública hoje não é sustentável. Será preciso algum aumento de carga tributária, a arrecadação está muito baixa e não deve melhorar. O agronegócio e o setor exportador, que se saem bem, arrecadam pouco. Vai ser preciso ter um aumento de imposto. Mas a gente sabe que, para resolver a questão fiscal do Brasil, além de ser necessário rever a carga tributária, tem de mexer na despesa.
A inflação pode cair ainda mais? O BC poderia ser mais agressivo no corte de juros?
Nenhum analista previa a inflação tão baixa. A redução da inflação de serviços tem sido enorme. A recessão é condição necessária, mas não é suficiente para a queda da inflação. Nunca vi desinflação de serviços como a que estamos vendo agora, isso influencia no poder de compra. A perspectiva pode ser até de uma inflação abaixo de 3% este ano. Para o ano que vem, a tendência é muito mais desinflacionária do que inflacionária. Hoje, faz todo sentido continuar reduzindo juros e, se errar a mão, o Banco Central pode corrigir a rota e o mercado vai entender, não vai abalar a credibilidade. Ainda tem espaço para essa política monetária, tem espaço para cortar juros. A questão é que a política monetária também depende da melhora fiscal.
Como a sra. avalia as chances atuais de aprovação da reforma da Previdência?
Olhando a situação política, acabo sendo mais pessimista. A PEC do teto de gastos fica inviável. Como vai sustentar uma PEC sem reformas? É só cruzar as informações, ainda há muito desperdício do governo. Continuando nesse ritmo, em 2019 não dará para cumprir a PEC dos gastos. No ano que vem, ainda dá, mas temos riscos. A relação dívida/PIB vai subir de qualquer forma. Mesmo em um cenário otimista, chega fácil a 80% no ano que vem. Sem reformas, não consigo imaginar uma solvência.
Como fica a equipe econômica no meio da crise?
Temos vários riscos hoje. Participar desse governo é realmente uma decisão pessoal muito difícil, as pessoas que estão lá estão pensando no Brasil, no Estado brasileiro, não nesse governo, tenho muita clareza disso. Mas é uma posição difícil, eles sabem que são os fiadores para o mercado.
Com a escalada da crise política, há risco de uma “sarneyzação” do governo Temer?
Temos algumas vantagens em relação àquele período, uma situação externa favorável, a balança de pagamentos não é um problema, os investidores estrangeiros estão benevolentes com o Brasil. Na época do Sarney, a inflação financiava as contas públicas e os mais pobres perdiam. Tem alguma margem de manobra para ser mais otimista agora do que em relação aos anos 1980. Mas é insano, o País vai ao abismo e não tem uma reação dos políticos. A gente precisa reconstruir essa pinguela até 2019.

Quem é
Doutora em economia pela Fundação Getulio Vargas e bacharel pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Silvia Matos já fez parte do Departamento de Pesquisa do Banco BBM. Atualmente, é professora da FGV e coordena o Boletim Macro Ibre, na mesma instituição.

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