Cético com reformas, UBS recomenda não seguir rali do impeachment
Notícia Publicada em 23/03/2016 11:25 – O FINANCISTA
Equipe de mercados emergentes do banco não crê em mudanças profundas para atacar problema das contas públicas
SÃO PAULO – A equipe de estratégia em ações para mercados emergentes do UBS visitou o Brasil na semana passada, coincidentemente uma das mais agitadas da política brasileira em décadas. Ponderando prós e contras, ao término da viagem, o time do banco suíço permanece underweight (expectativa de desempenho abaixo da média do mercado) com o Brasil e recomenda não seguir o rali do impeachment.
O argumento dos especialistas consiste em dois fatores, conforme relatório desta quarta-feira (23). Em primeiro lugar, as dúvidas sobre a possibilidade de um acordo em reformas econômicas cruciais para alterar a trajetória alarmante da dívida pública – especialmente em meio à recessão econômica.
“O principal obstáculo para uma ampla melhora na situação fiscal do Brasil é que 90% da despesa corrente do governo são obrigatórias.”
O outro ponto é que os estrategistas do UBS julgam que as projeções do mercado para o crescimento do lucro por ação das empresas se encontram excessivamente altas para este ano e 2017.
Nos cálculos do UBS, o PIB brasileiro deve recuar 3,8% neste ano (o mesmo baque de 2015) e o fundo do poço do nível de atividade deve ser atingido no último trimestre. “É amplamente presumido que um novo programa de reformas turbinaria não somente os mercados financeiros (algo já em curso), mas também a confiança das empresas. O efeito sobre a confiança dos consumidores altamente endividados, entretanto, é menos certo e provavelmente menor.”
Sob a perspectiva de mudança de governo diante do agravamento da crise política, o índice MSCI Brazil, referencial de ações brasileiras usado por fundos globais, acumula alta de mais de 50% desde o fim de janeiro. Negociado a R$ 4,02 no final de fevereiro, o dólar terminou a última semana a R$ 3,62, e os juros futuros recuaram com intensidade na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) nas últimas semanas.
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