Do Brasil e do Uruguai

DO BRASIL E DO URUGUAI

Vamos falar do Brasil e do Uruguai.
Tratarei primeiro das obviedades. Passarei depois às não tão óbvias considerações e, então, por fim, tentarei demonstrar porquê o Uruguai pode ser uma alternativa negocial à empresários e investidores brasileiros.

Do URUGUAI:
Área: 176.215 km
População: 3.351.000
PIB (base PCC): US$ 66,7 bilhões
Per capita: US$ 20.497,00

Do BRASIL:
Área: 8.515.767 km
População: 206.081.000
PIB (base PCC): US$ 3,1 trilhões
Per capita: US$ 15.153,00

A primeira característica que ‘salta aos olhos’ é o quão pequeno é o Uruguai e o quanto grande é o Brasil.
No Uruguai se costuma usar (o que ofende alguns uruguaios) o termo “paísito”.
Realmente o Uruguai é um país muito pequeno em comparação com o Brasil.
Em contraste vê-se, nestes poucos dados, que o Brasil é muito, muito grande.
Este fato – o quão pequeno e o quão grande são um e outro – pode nos dizer muita coisa.
Deixando de lado as caricaturas (Brasil = samba e Uruguai = parrilla), embora vizinhos, Uruguai e Brasil são duas realidades muito distintas.

FORMAÇÃO HISTÓRICA COMO BASE DE UMA CULTURA NACIONAL

Conhecemos a formação histórica do Brasil. Do descobrimento de Cabral até 1808 uma colônia “meio esquecida”. De 1808 até 1822 como um “reino unido” e, após, com a declaração de independência (com as aspas devidas visto que o próprio filho do rei de Portugal foi o agente e subsequente imperador) até que em 1889 é declarada a República e, daí em diante, a história contemporânea que nos trouxe até aqui.
Assim, desde o descobrimento até 1889, o Brasil esteve umbilicalmente ligado à coroa portuguesa e, sendo sede de sua colônia, depois reino unido e por fim tendo no príncípe herdeiro da coroa portuguesa seu imperador, a formação da cultura nacional é um derivativo da monarquia lusitana.
O Uruguai, pelas suas características geográficas, seu tamanho e seu bioma, teve uma formação totalmente distinta do Brasil.
Em primeiro lugar é de se destacar que o Uruguai não foi sede da colônia espanhola.
Em termos simplistas o Uruguai ficou, nos primeiros séculos de sua história, como um grande campo aonde um rebanho bovino desenvolveu-se em pastos naturais, lembrando que na época pouco valor tinha a pecuária senão o couro, porque não havia meios de transportar carne para os centros consumidores.
É de se destacar que o território uruguaio não propiciou à Espanha minérios (não foram descobertas reservas de ouro, prata ou o que seja), não houve agricultura (como a monocultura da cana de açúcar que desenvolveu-se no Brasil) e, consequentemente, praticamente não houve o uso da escravidão porque, literalmente, não se tinha o que fazer com escravos.
Destas formações históricas, geográficas e naturais distintas temos dois países que, embora próximos, são muito distantes.

URUGUAI E BRASIL HOJE

O Uruguai, fruto de seu tamanho e de sua história, é um país apoiado em 4 colunas:
 Indústria do turismo
 Pecuária (carne e lácteos)
 Agricultura
 Serviços (principalmente financeiros e softwares)
Não tendo reservas minerais, não tendo petróleo, não tendo um grande território, “espremido” entre Argentina e Brasil, o Uruguai teve ao longo dos anos de desenvolver-se de modo a ser ‘eficiente’ contando com sua capacidade de oferecer soluções e apresentar soluções que os vizinhos não ofereciam.
O melhor exemplo é o turismo no Uruguai: são mais de 3 milhões de turistas que vêm ao Uruguai por ano. Praticamente a população do país. O Brasil, com 206 milhões de habitantes, recebe algo aproximado como 6 milhões de turistas.
Este dado, como análise, é significativo.
O que passa no Uruguai e no Brasil para tal disparate? Por que o Uruguai, com tão pequeno território, com poucas (em comparação ao Brasil) atrações turísticas, é tão mais eficiente que o Brasil?
Tomemos alguns dados:

 o Uruguai terá um crescimento de 1,1% do PIB este ano enquanto o Brasil amarga uma queda de 5% em 2016
 o Uruguai mantém o grau de investimento em seus títulos enquanto o Brasil experimenta o rebaixamento de suas notas
 o Uruguai exporta aproximadamente 14% de seu PIB enquanto o Brasil alcança não mais que 6,5%
 os Uruguai qualifica-se nos índices de desenvolvimento muito acima do alcançado pelo Brasil
Nesta pequena análise vê-se que, em quase todos os aspectos, guardadas as proporções absolutas, o Uruguai mostra-se mais eficiente do que o Brasil.

CONJUNTURA DO BRASIL ATUAL

A crise que abate-se sobre a economia, iniciando na política e que agora desdobra-se em um princípio de instabilidade institucional, coloca o Brasil em que conjuntura?
São praticamente 13 milhões de desempregados (chegando a 24 milhões se somar-se o subemprego); estados em situação falimentar; milhares de prefeituras com orçamentos totalmente descontrolados; empresas e famílias altamente endividadas com 42% de suas rendas comprometidas com pagamentos de dívidas; rentabilidade das empresas em queda quando não deficitárias; mercado de crédito retraído; vendas em queda, etc.
Enfim, o Brasil vive um estado de estagnação.
No entanto, à despeito da crise financeira que poderia ser conjuntural, um ciclo normal das economias, se pensarmos além da conjuntura, qual o Brasil que “enxergamos” em termos estruturais?
Esta pergunta é fundamental.
Há no Brasil uma estrutura legal e econômica incondizente com o país.

CENÁRIO POLLYANNA

Mesmo que, em um passe de mágica, o Brasil acordasse livre da crise política, da corrupção e de todas mazelas que notabilizam hoje o país, qual seria o “Brasil” que restaria?

 A rentabilidade de nossa hora/trabalho continuará sendo muito aquém dos demais países
 Nossa educação funcional permanecerá atrasada e também aquém das necessidades de um mundo complexo
 Nossa infraestrutura continuará carente
 Nossa estrutura legal (principalmente relações de trabalho e tributária) continuará como um entrave ao crescimento
 Nossa poupança para investimento continuará aquém do necessário
 Nossas ‘garantias fundamentais de direitos do cidadão’ continuarão além das possibilidades de nossa economia
 A inovação tecnológica continuará praticamente inexistente
 A economia de famílias e empresas continuará altamente endividada
 Nossos ativos continuarão altamente ‘inflados’
 Nosso câmbio continuará com um atraso a ser corrigido
 Nossa participação no comércio mundial continuará sendo somente em produtos primários
 Etc

Como superar estas condições?
O quão distantes estamos ainda de, enquanto sociedade, compreender estes fatos?
Fala-se, sempre, “que o Brasil é rico mas que é roubado pelos políticos”, que “nossas riquezas são mal administradas” mas, de fato, se “excluirmos” estes fatos (verdadeiros) ainda assim restará um Brasil com muitas dificuldades a serem superadas.

QUAL O CENÁRIO FUTURO PARA O BRASIL?

Se se concluir que, além da corrupção e má gestão pública, há graves problemas estruturais que o Brasil tem de enfrentar e mudar qual o cenário que podemos esperar para os próximos anos?
Construir cenários é uma característica da espécie humana e uma necessidade fundamental daqueles que estão à frente de um empreendimento.
Pode-se objetar que muitas vezes o exercício de ‘futurologia’ é um livro de erros.
Mesmo assim, com as ressalvas de que o erro permeia a previsão, é essencial que se pense.

CENÁRIO 01: MUDANÇAS RADICAIS

Imaginemos que nossa “consciência social” conclua que a estrutura do país e, mais, da nação não é possível nos termos atuais.
Qual o cenário que nos projeta?
Um país que necessitará de profundas reformas jurídicas, um “desinvestimento” do setor público, um aumento de impostos, um aumento da carga de trabalho, etc.
Neste cenário o caminho para reestruturar o país em novas bases (reformando a legislação trabalhista, a legislação tributária, a previdência, demitindo funcionários públicos, equilíbrio das contas públicas, etc.) resultará, nos primeiros 2 anos ao menos, no agravamento da recessão.
Em verdade não foram só as contas do governo federal que foram pedaladas mas toda a economia “pedalou”, em uma ensandecida “festa” como se fossemos marinheiros bêbados desembarcando após 6 meses no mar.
“Despedalar” custará muito aos governos (nas 3 esferas), às empresas e às famílias.
Se assim o Brasil adotar sua política restará um período grande de “encolhimento” da atividade econômica, um sentimento de que “ficamos mais pobres”.

CENÁRIO 02: “MEIAS” MUDANÇAS

Há, no entanto, uma profunda oposição a que tenhamos um ‘choque de realidade’.
Veja-se, recentemente, a votação no Congresso do socorro aos Estados inadimplentes. Simplesmente o Congresso, atendendo aos governos estaduais, retirou qualquer contrapartida e, assim, permitiu que os Estados continuem em sua senda que, enfim, os conduziu à situação de insolvência que estão.
Também é de se esperar que a classe política, desacreditada pelos escândalos de corrupção, não tenha nem vontade nem força de transmitir e reformar esta estrutura que, enfim, possivelmente gerará revoltas populares em uma sociedade já ‘machucada’ por 2 anos de severa crise financeira.
Atentando à nossa história, como uma sociedade extremamente conservadora e pouco ‘inovadora’ (lembremos que fomos o último país do Ocidente a abolir a escravidão, quase adentrando ao século XX como um país escravocrata), é factível pensarmos que o Brasil adotará meias reformas.
A PEC do teto é um exemplo elucidativo. Se bem compreendida vê-se que “Algo como 80% do Orçamento consiste de gastos obrigatórios, dentre os quais as rubricas mais relevantes referem-se ao INSS (40% do gasto, ou 8% do PIB) e pessoal (20% do gasto, 4% do PIB)” – in Alexandre Schwartsman na Folha de São Paulo em artigo de 12/outubro/2016 http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandreschwartsman/2016/10/1822051-responsabilidade-fiscal-comeca-na-pec-do-teto-mas-nao-termina-nela.shtml).
Assim, a tão alardeada “responsabilidade fiscal” alcançada pela PEC não alcançará mais 2% do PIB e, assim, por óbvio, é o que chamamos no Brasil uma “reforma para inglês ver”.
Meias medidas, como a PEC do teto, a lei de socorro aos Estados e outras em gestação, não alcançarão a necessária mudança estrutural da sociedade e o Brasil ver-se-à arrastado por anos infindos de uma “meia crise”, sem ir ao fundo do poço mas sem desenvolver-se.

BRASIL COMO AMBIENTE HOSTIL AO INVESTIMENTO

De todo o explanado, deixando de lado análises acadêmicas, há um fato prático que todo empresário ‘sente na pele’: o Brasil é um ambiente hostil ao empreendedor.
Seja pela intricada legislação tributária, seja pelo atraso da legislação trabalhista, seja pelo desgoverno da política econômica que recaí sobre toda sociedade, empreender no Brasil é uma tarefa além de difícil arriscada.
A instabilidade do ambiente econômico, a sucessão de ciclos, a instabilidade cambial, tudo soma para que, em um ou outro contrapé o empreendedor seja “pego” e veja seu negócio penalizado, quando não aniquilado.
O capital e o empreendimento têm horror à incerteza.
Justamente é a incerteza que domina o ambiente do Brasil.
Não se tem certeza de nada. Quem disser que sabe o que passará em 2017 ou está enganado ou está mentindo.

A GLOBALIZAÇÃO E O BRASIL INSERIDO NELA

A globalização traz ao empreendedor benefícios e malefícios.
Não mais é permitido que se ignore o mundo porque, mesmo que assim se fizer, o mundo não está ignorando ‘seu mercado’.
Do outro lado do mundo há um chinês que está almejando seu mercado e, com certeza, encontrará formas de colocar seu produto ao lado do seu.
Assim, neste sentido, o empresário brasileiro tem uma grande desvantagem.
Pode ser o melhor gestor e ter sua operação organizada dentro do melhor padrão, contudo, “da porta para fora” está submetido à toda conjuntura que abate-se sobre o Brasil.
De forma crua (mas franca) o ‘custo Brasil’ é um peso e desvantagem ao empresário brasileiro que inicia o jogo já em desvantagem.
Não à toa, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB), que já foi de 21,6% em 1985, despencou mais de 10 pontos percentuais em 30 anos, e atingiu 11,40% no ano passado, mesmo patamar de 1947.
Não por outra razão o coeficiente de importação está na casa dos 20%.
Enfim, o processo de globalização joga contra a produção no Brasil.

O URUGUAI COMO ALTERNATIVA

As grandes empresas norte americanas, já faz muito tempo, inseriram-se globalmente, passando a produzir fora dos EUA em busca de melhora de custos.
O empresário brasileiro, não tendo os capitais e condições geopolíticas dos norte americanos, têm como alternativa um país desconhecido e praticamente esquecido pelos brasileiros: o Uruguai.
Vizinho do Brasil (são duas horas de voo de Guarulhos a Montevideo), inserido no Mercosul, com amplos benefícios fiscais para investimentos, com instituições estáveis, economia equilibrada, livre curso de qualquer divisa, o Uruguai deveria ser “olhado” como alternativa para produção.
Por óbvio que ninguém pensaria no Uruguai com um “mercado” devido ao seu tamanho.
Contudo, como uma “plataforma de produção”, aonde se produz a um custo menor e tem-se, via do Mercosul, acesso ao mercado brasileiro, o Uruguai pode representar a diferença ao empresário brasileiro entre a sobrevivência ou não.

BENEFÍCIOS DO URUGUAI

Em primeiro plano destaca-se ao empresário brasileiro a facilidade de investir no Uruguai. Não há a “pesada mão” da burocracia que tanto mal faz-nos no Brasil.
Além deste fato que à primeira vista é imperceptível mas que no dia a dia faz uma grande diferença é de se destacar que o Uruguai permite livre curso de qualquer moeda, o que afasta o risco cambial sempre presente no Brasil.
Além destas conjuturas os custos tributários no Uruguai são menores que no Brasil.
Mas há mais benefícios no Uruguai:

1.)há uma lei de incentivo à investimentos que outorga benefícios fiscais relevantes, como até isenção de 100% de imposto de renda

2.)isenção de impostos de importação quando o bem importado será usado para fabricação de produtos a ser exportados

3.)isenção total de impostos para determinados ramos de atividade

Enfim, o Uruguai é um país que deve entrar no radar do empresário brasileiro.

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