Os juros negativos são um sintoma de nossos males

Os juros negativos são um sintoma de nossos males
13/04/2016 11h05
MARTIN WOLF – FINANCIAL TIMES
Quase nove anos depois que começou a crise financeira do Ocidente, as taxas de juros continuam ultrabaixas. De fato, um quarto da economia do planeta agora sofre juros negativos. Essa condição é preocupante na mesma medida em que as políticas em si são impopulares.
Larry Fink, presidente-executivo da administradora de ativos BlackRock, argumenta que os juros baixos impedem os poupadores de obter os retornos de que necessitam para aposentadoria.
Como resultado, eles são forçados a desviar dinheiro adicional do consumo corrente para a poupança. Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, atribui boa parte da culpa pela ascensão do novo partido nacionalista Alternative für Deutschland a políticas introduzidas pelo Banco Central Europeu (BCE).
“Salve os poupadores” é uma queixa compreensível da parte de uma empresa que administra ativos ou do ministro das finanças de um país credor. Mas isso não significa que a objeção faça sentido. A economia mundial está sofrendo de um descompasso entre o excesso de poupança e a falta de oportunidades de investimento.
As autoridades monetárias estão ajudando a garantir que as taxas de juros se compatibilizem com esse fato. Em última análise, são forças de mercado que estão determinando o quanto os poupadores recebem. E infelizmente o mercado está dizendo que a poupança deles não vale muito, pelo menos na margem.
Por que existe esse excedente de poupança? Essa é a questão importante.
Dado seu superávit em conta corrente da ordem de quase 9% do Produto Interno Bruto (PIB) – ou seja, uma poupança muito mais alta do que pode ser absorvido internamente, mesmo com taxas de juros ultrabaixas -, a Alemanha poderia perguntar qual teria de ser sua taxa de juros interna para absorver esse excedente em casa. Infelizmente, o resto do mundo tampouco pode absorvê-lo com facilidade.
O excesso de poupança (ou escassez de investimento, para quem assim preferir) resulta de desdobramentos tanto anteriores quanto posteriores à crise. Mesmo antes de 2007, taxas de juros de longo prazo reais estavam em queda.
Desde então, o investimento privado fraco, a redução no investimento público, a desaceleração na tendência de crescimento da produtividade e o excesso de dívidas que a crise legou interagiram para baixar o ponto de equilíbrio da taxa de juros real. Por algum tempo, a forte demanda das economias emergentes, pós-crise, compensou parcialmente essas tendências. Mas agora ela também desapareceu.
Algumas pessoas objetarão afirmando que o declínio das taxas de juros reais resulta apenas da política monetária, não de forças reais. Isso não procede. A política monetária de fato determina as taxas nominais de juros de curto prazo, e influencia as de prazo mais longo. Mas o objetivo da estabilidade de preços significa que a política é dirigida a balancear a procura agregada e a oferta potencial. Os bancos centrais simplesmente descobriram que taxas baixíssimas de juros são necessárias para atingir esse objetivo.
Outra objeção é que as taxas de juros ultrabaixas, até mesmo negativas, são contraproducentes, mesmo em termos de demanda. Uma resposta a esse argumento é que o Banco Central Europeu (BCE) elevou os juros em 2011, com resultados desastrosos. A objeção mais ampla é a de que juros mais altos transferem dinheiro dos devedores aos credores.
É altamente provável que os cortes de gastos dos primeiros seriam mais altos que o aumento de gastos dos segundos. Além disso, ao colocar em xeque a posição de crédito daqueles que buscam captação, a política teria dois efeitos malignos adicionais: forçaria aqueles que buscam captação a pedir concordata, com más consequências para intermediários e credores; e reduziria a expansão do crédito. Assim, o argumento de que elevar as taxas de juros seria expansivo é altamente implausível. Naturalmente, os poupadores argumentam o oposto. O que mais poderiam argumentar, não é?
Em resumo, devemos considerar os juros ultrabaixos como sintomas de nossa doença, e não como sua causa. No entanto é lícito questionar se o tratamento monetário empregado é o melhor. Quanto a isso, cabem três pontos. Um é que, dada a natureza das instituições bancárias, é improvável que juros negativos sejam repassados aos depositantes, e nesse caso é provável que prejudiquem os bancos.
O segundo é que existe um limite para o quanto os juros podem cair abaixo de zero sem limitar a conversibilidade de depósitos em dinheiro. Por fim, consideradas esses dois pontos, a política em questão poderia fazer mais mal do que bem. Até mesmo seus proponentes reconhecem que existem limites.
É possível responder a essas críticas. Mesmo assim, uma política assim excepcional poderia solapar a confiança mais que sustentá-la. Será que isso quereria dizer que a política monetária está exaurida? De forma alguma. A capacidade da política monetária para elevar a inflação é essencialmente ilimitada.
O perigo, na verdade, é que calibrar a política monetária pode se tornar mais difícil tanto mais extrema ela se torne. Por isso, a política fiscal deveria entrar em ação mais agressivamente. De fato, é difícil compreender a obsessão com a limitação da dívida pública quanto ela está tão barata quanto hoje.
As melhores políticas seriam uma combinação de elevação da oferta potencial e sustentação da procura agregada. Elementos importantes para isso seriam reformas estruturais e uma expansão monetária e fiscal agressiva.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) argumenta que reformas estruturais funcionam melhor em um contexto expansivo como esse. Isso se aplica especialmente a reformas no mercado de trabalho. Os Estados Unidos encontraram maior sucesso em promover políticas balanceadas do que a União Europeia.
A Alemanha sempre tem a opção de abandonar o euro. Mas o desfecho seria uma imensa valorização do marco recriado, prejuízos com ativos externos, em termos internos, um setor financeiro avariado, investimento externo acelerado, deflação e um esvaziamento da indústria.
Alternativamente, a Alemanha poderia se manter na zona do euro. Mas precisa compreender que sua política monetária não pode agir apenas em benefício dos credores.
Uma política para estabilizar a zona do euro precisa ajudar também os devedores. Além disso, depender demais de política monetária é resultado de escolhas, especialmente de política fiscal, quanto às quais a Alemanha fortemente insistiu.
Também resulta do excedente de poupança, para o qual a Alemanha contribuiu substancialmente. O país deveria parar de se queixar das tentativas do BCE para resolver esses dilemas e ajudar a resolver os problemas que ele parcialmente criou.

“Sabemos que os negócios vão crescer por isso o Uruguai”
Globant investe USD 60 milhões no Uruguai
“Uruguai, um país próspero” disse diretor do Grupo Casino
Uruguai tem incentivos para audiovisual
Audiovisual: incentivos no Uruguai
Uruguai é o 2o país com mais energia renovável
Uruguai vacinará toda população em 45 dias
Uruguai anuncia nova Zona Franca
Google liga novo cabo submarino no Uruguai
Porto do Uruguai segue o exemplo de Singapura
Acordo para tributar multinacionais: oportunidade para China?
Uruguai é o país mais resistente na pandemia
Unicórnio do Uruguai entra na Bolsa em NY
Porto do Uruguai se moderniza
Chocolaterias premium expandem no Uruguai
Tempos de bonança pós pandemia diz The Economist
Uruguai tem instituições fortes e alta renda per capita diz FMI
Uruguai prepara o melhor porto da América do Sul
Argentina: 9 dias de lockdown
Argentina aumenta restrições de mobilidade
Uruguai abre as fronteiras para estrangeiros
Empresas de tecnologia uruguaias vendem para México
Porto de Montevideo será mais moderno da AL
Assessor de Macri pede asilo no Uruguai
Uruguai: taxa de internação em UTI de vacinados é quase zero
Novos vôos Miami – Montevideo
Google compra 30 hectares no Parque da Ciência no Uruguai
Uruguai consegue boa colocação de bonos
Empresa de software investe no Uruguai
UBS espera retomada da economia em outubro
EUA e Europa estudam modelo de tributação mundial
Advocacia: mudanças radicais e rápidas
Uruguai anuncia compra de mais vacinas
Paraguai surpreende e não apoia flexibilização do Mercosul
Nova Iorque perde USD 60 bilhões com turismo
Nova fábrica da Ford Uruguai começa a contratar
BofA: bolha é maior preocupação dos investidores
Hotéis e edifícios em Nova Iorque em crise
Uruguai propõe flexibilização do Mercosul
“Argentina é difícil para investidores estrangeiros*
Argentina: a miséria assola o país
Argentina: crise santiária e financeira
Brasileiros investem no exterior
“Uruguai é reconhecido por dar segurança aos investidores”
Porto de Livre Comércio de Hainan
Falências vão ser recordes em São Paulo
“Argentina não tem futuro”
Preços do mercado imobiliário de Montevideo
Home Office muda Manhattan
Fim do ensino presencial?