“Sangue, suor, lágrimas e trabalho”

Artigo publicada na Revista Época da Semana

http://epoca.globo.com/economia/ricardo-neves/noticia/2016/11/dias-melhores-virao-ainda-que-nao-agora.html

RICARDO NEVES

“Dias melhores virão – ainda que não agora”

Hoje a crise está visível em toda sua força no Rio de Janeiro. Amanhã estará em todo o Brasil
17/11/2016 – 15h06 – Atualizado 17/11/2016 17h31

É comprovado que as pessoas não gostam de quem antecipa notícias ruins, isto é, fatos negativos que ainda não se materializaram, mas que vão certamente acontecer. A reação que um indivíduo tem para com quem ousa trazer notícias de más perspectivas é tão universal e típica que é consagrada pela expressão “atirar no mensageiro”. Os psicólogos estudam e conhecem muito bem essa característica básica do ser humano de negar aquilo que representa ameaça. Criaram até um nome para isso: “síndrome da dissonância cognitiva”.

Acometido de dissonância cognitiva um indivíduo deixa de agir racionalmente e não consegue assimilar os fatos e se preparar para diminuir os impactos dos eminentes desastres e catástrofes. Irracionalmente, dominado pela emoção, como forma de negar a realidade é levado a descontruir a reputação de quem prenuncia acontecimentos nefastos.

Digo tudo isso acima já procurando me defender de tiros que sejam disparados em minha direção. Afinal trago notícias de catástrofes que ainda estão sendo amadurecidas, mas que já são visíveis como a ponta de um iceberg.

Para aqueles que esperavam que estivéssemos em vias de avistar luz no final do túnel, afirmo que ainda não passamos da metade da crise brasileira iniciada em 2015. O pior ainda está por vir.

O que vem a seguir já está à vista e acontecendo no estado do Rio de Janeiro. Ali já se antecipa como será a realidade de 2017 para a ampla maioria de municípios e governos estaduais.

No Rio o acúmulo de erros e a gestão temerária por parte do governo estadual, que insistiu ignorar todos os sinais de crise desde 2008, produziram uma situação catastrófica e sem saída.

Sem dinheiro para pagar salários, o governo do Rio já decretou calamidade pública. Alega que tudo foi resultado da queda com a arrecadação da receita, decorrente da diminuição dos royalties do petróleo e da queda dos impostos como consequência da recessão econômica. Malandramente omite sua própria culpa pela generosas e irresponsáveis isenções e incentivos fiscais concedidas bem como sua incapacidade de fazer ajustes fiscais.

Situação específicas como a da previdência estadual do estado do Rio mostram que obviamente a crise não foi produzida nem da noite para o dia, nem de dentro para fora. No Rio o número de servidores aposentados tornou-se maior que o de funcionários na ativa. Uma inversão completa dos princípios básicos de política previdenciária foi ignorada e as implicações serão devastadoras para todos, aposentados, funcionários, contribuintes e toda a sociedade fluminense.

O estado do Rio, como todo o resto do país, tem um quadro funcional inchado, onde especialmente o Judiciário e o Legislativo são remunerados com salários inflacionados que não espelham nem a realidade de mercado nem a produtividade.
Um dia a casa cai. E agora a casa caiu mesmo.

Em 2017, como dominós colocados em pé que vão cair um após outro, vamos, da mesma forma que estamos vendo acontecer no estado do Rio, se repetir a cena em quase duas dezenas de governos estaduais. Veremos o mesmo filme da desgraça do desgoverno em algumas centenas de municípios decretando falência e estado de calamidade pública. Todos esperando espetar a conta de sua salvação no colo da União.

Quanto à União, às voltas com sua própria incapacidade de fazer as reformas amargas e dolorosas que estão pendentes já há quase oito anos – desde que a crise de 2008 foi aqui identificada como “marolinha” – caberá aplicar a Lei de Murici, aquela que reza que chega um tempo em que cada um cuida de si.

A alternativa da União será a máquina de imprimir dinheiro, o que acelerará o desastre trazendo de volta à vida aquele nosso velho e monstruoso conhecido, o dragão da inflação.

E, não bastassem os nossos males resultantes de nossos próprios pecados e incúria, o mundo entra em nova e negra fase. O começo da era Trump vai nos trazer mais isolacionismo, mais nacionalismo, mais xenofobia.

Esse imbróglio global vai colocar ainda mais problemas para nossa economia. Frente a isso temos um governo, que ainda que tenha formalmente legitimidade constitucional, carece de um mínimo necessário de credibilidade e suporte cívico para conduzir a nação através de reformas imprescindíveis e que demandam remédios amargos, como reforma da previdência, privatizações e concessões, reengenharia da máquina pública incluindo a demissão na escala de milhões de servidores públicos e de estatais.

Este será um Natal de tristeza e inquietação para mais de 12 milhões de desempregados. Esse contingente de pessoas deverá crescer de forma exponencial ao longo de 2017 fundamentalmente porque o estado brasileiro não cumprirá a sua parte e a incerteza da economia mundial prosseguirá aguardando os desdobramentos da era Trump.

E sem ilusões de alívio em 2018. A incerteza permanecerá ainda em função das expectativas das eleições presidenciais, dos governos estaduais e da renovação do Congresso. Neste contexto, qualquer expectativa de retomada antes de 2019 pode ser colocada na categoria “me engana que eu gosto”.

É assim que a única coisa realista a considerar é que serão tempos, que como dizia Winston Churchill, que demandarão “sangue, suor, lágrimas e trabalho”.

E nessa perspectiva de onde vamos tirar forças para seguir adiante? Certamente, agora faz diferença aquela que é a mais importante das virtudes nas horas difíceis e desafiadoras: a coragem de cada indivíduo. Dela vai tudo depender daqui para frente.

Observação: O título desta coluna é uma das frases de carta de Winston Churchill enviada ao rei Jorge para contextualizar seu famoso discurso “sangue, suor e lágrimas”, realizado em maio de 1940, logo após a rendição da França aos nazistas quando a Inglaterra decidiu não fazer um armistício com Hitler optando por seguir resistindo sozinha quando todo o continente europeu já estava sob o jugo nazifascista.

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