Teremos uma crise bancária no Brasil?

Teremos uma Crise Bancária no Brasil ?
Marcio Lemos
Pra Comprar ou Pra Vender?

Pelo Brasil, os questionamentos, textos, discussões, ainda são rasos….

Como está o sistema bancário brasileiro ? Como está o sistema bancário privado brasileiro ? Ou o sistema bancário público brasileiro ?

Lá fora, a “coisa” não é tão superficial…..talvez pela imensa comunidade acadêmica, talvez pela natural tendência em fazer pesquisa recorrente no âmbito dos “negócios”, ou mesmo os 2 …uma simbiose “pesquisa acadêmica-pesquisa corporativa”….

Há uma crise bancária no Brasil ?

Aqui, o pano de fundo para discussão serão 3 correlações lançadas por Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff no livro “Oito Séculos de Delírios Financeiros”.

E quais são elas ?

1- Crises bancárias – preços de moradias – crises bancárias

Não há na leitura de Reinhart e Rogoff uma certeza quanto a unidireção de um ou outro movimento; isto é, “quem começa o que ?”….
A crise bancária produz mudanças nos preços das moradias ou mudanças nos preços das moradias produzem, ao longo do tempo, ondas que, mais cedo ou mais tarde, precipitariam uma crise bancária ?

Diz o texto em dado momento:

“Embora as ligações entre crises bancárias e ciclos de preços de moradias em países desenvolvidos tenham sido examinadas em nosso trabalho anterior e em numerosos outros trabalhos (com mais frequência, em estudos de casos), esta é a primeira vez em que se favorecem evidências sistemáticas sobre o comportamento dos preços das moradias em economias emergentes, em torno de algumas das principais crises bancárias.

Os episódios de crises incluem as “Seis Grandes” crises asiáticas de 1997 e 1998 (Indonésia, Coréia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Hong Kong) (“Oito Séculos de Delírios Financeiros”, Ed.2010, págs, 158 e 159)”

2- Crises bancárias – Recessões profundas e prolongadas – crises bancárias

Outra correlação diz respeito aos efeitos que crises bancárias têm sobre desempenhos econômicos ou vice-versa…..isto é, recessões profundas e prolongadas produziriam, mais cedo ou mais tarde, impactos suficientes capazes de provocar crises bancárias ? Ou Crises Bancárias produziriam danos suficientes para imprimir recessões profundas e prolongadas ? Novamente, fica a dúvida de “quem provoca o que, e quando ?”

Diz o texto:

“…….Portanto, o que realmente mostramos aqui é que as crises bancárias graves se associam a recessões profundas e prolongadas e que se precisa de mais pesquisas e trabalhos para definir os vínculos causais e, mais importante, para ajudar a priorizar as reações de políticas públicas.

Todavia, o fato de as recessões relacionadas com as crises bancárias, constantemente, serem tão profundas e compartilharem tantas características comuns, servirá como importante ponto de partida para os futuros pesquisadores na tentativa de destrinchar o emaranhado desses episódios (“Oito Séculos de Delírios Financeiros, Ed.2010, pág 172)”

3- Bonanças de fluxos de capital / Booms de Crédito – Crises Bancárias

Por fim, Reinhart e Rogoff trouxeram à tona um movimento mais atual do que nunca:
“Bonanças de fluxos de capital / Booms de Crédito e seus efeitos sobre as possíveis crises bancárias
.
Diz o texto:

“A maioria dos países (61%) registra alta propensão a passar por crises bancárias nas proximidades de períodos de bonança; essa percentagem seria mais alta se considerassem dados pós-2007….
Essas descobertas sobre bonanças de fluxos de capitais também são consistentes com outras regularidades empíricas, identificadas em torno dos ciclos de crédito…..
Mendoza e Terrones….. com base em abordagem muito diferente do que acabamos de discutir, constataram que os boons de crédito em mercados emergentes geralmente se seguem a surtos nas entradas de capital. Também concluíram que, embora nem todos os boons de crédito terminem em crises financeiras, a maioria das crises em mercados emergentes foi precedida por boons de crédito (“Oito Séculos de Delírios Financeiros, Ed.2010, págs 157 e 158)

3 Variáveis……3 momentos, 3 dinâmicas que se cruzam, interrelacionam e que se auto-alimentam..

– Preços dos moradias
– Recessões profundas e prolongadas
– Bonanças de fluxos de capital-Booms de crédito

Onde está o Brasil no meio dessas 3 variáveis ?

As 3 variáveis estiveram ou ainda estão presentes sobre o Brasil ?

Sim……todas as 3; e eu diria, em grande medida, estiveram e/ou estão sobre o Brasil….

Perigosamente, as 3 variáveis mencionadas foram exacerbadas ao extremo…saíram do equilíbrio…

Comecemos pelos “preços das moradias-imóveis”…..

No que tange aos preços dos imóveis, o Brasil viveu e vive uma das maiores bolhas imobiliárias do mundo, com valorizações em torno de 200% nos últimos 7-8 anos, segundo o índice IVG-R, publicado pelo Banco Central, visto abaixo:

IVG-R

Fonte: Banco Central

Por outro lado, uma nítida reversão parece estar em curso nos preços dos imóveis nos últimos meses.

Em que medida essa reversão afetará os financiamentos já aprovados ou a serem aprovados , assim como seus impactos nos respectivos balanços dos bancos ?

Em que medida o esperado impacto negativo da reversão em curso poderá afetar a intenção e o perfil de novos financiamentos, antecipando novas pressões sobre os preços já praticados, impactando, por conseguinte, a intenção de novos financiamentos e os respectivos preços praticados em toda a cadeia, num claro ciclo auto-alimentador negativo, cuja preocupação maior seria a precipitação de uma crise bancária ?

O que provoca, provocará ou será produzido primeiro ? Uma reversão nos preços das moradias provoca uma crise bancária ou uma crise bancária provoca uma queda-reversão nos preços dos imoveis, num evidente “quem nasceu primeiro ?” o “ovo ou galinha” ?

Vamos para a “segunda variável”

Recessões profundas e prolongadas.

Talvez a mais discutida no Brasil, ainda que em outras direções…..e não a discussão em si sobre a gestação de uma possível crise bancária…..

Ano passado, o Brasil vivenciou uma queda anual de 3,8% de seu PIB……As expectativas para o ano de 2016 não são muito melhores……com otimismo, algo em torno de 3,5%….

PIB Brasil – Variação anual

Fonte: Banco Central

De que forma tal desempenho afeta a gestação de uma possível crise bancária ?

Recessões profundas e prolongadas certamente afetam as dinâmicas dos lucros das empresas,….empresas tendem a sofrer com menores receitas, perda de margem, diminuição de lucro e/ou transformação de lucro em prejuízos.

As consequências sobre a inadimplência corrente, condições de crédito, níveis de taxas de juros e spreads são evidentes, Tudo isso somado é capaz de moldar novas fotografias de receitas e lucros correntes dos inúmeros bancos, deixando no ar a expectativa de novos e crescentes ingredientes para a gestação de uma Crise Bancária

Por fim, a terceira variável mencionada por Reinhart e Rogoff: Bonanças de fluxos de capital-Booms de crédito

O gráfico de 100 anos dos titulos de 10 anos do Tesouro Americano mostrado abaixo nos dá uma pista sobre o cenário em que o Brasil navegou nos últimos anos…..o cenário da “Bonança de fluxo de capital”

Fonte: tradingeconomics.com

7 anos de um mundo de “taxa-risco zero”, reflexo de políticas de afrouxamento monetário, os chamados “QE”, produziram uma bonança-boom de fluxo de capital registrados e evidenciados na direção das economias maduras para as economias emergentes, essencialmente, à procura de melhores retornos.

Os booms de crédito podem ter efeitos positivos num primeiro momento; no entanto, no segundo momento há evidência de distorções sérias em vários preços de ativos, muitas delas associadas às clássicas bolhas de ativos.

O retorno mais alto “encaixado” pelos bancos em mercados emergentes, em contraste com os “retornos zero” de suas economias maduras, podem, como dito, parecer benéfico no curto-médio prazo; os respectivos balanços “agradecem”.

Entretanto, quando as distorções, sob a forma de bolhas ou não, se intensificam, as consequências podem ser trágicas, consumindo todos os supostos benefícios anteriores de curto-médio prazo….

Assim, como vimos na discussão das interrelações produzidas pelo exagero dos preços dos imóveis e nas interações e consequências geradas por recessões profundas, os boons de crédito são também ingredientes capazes de alimentar a formação de uma crise bancária

Como já deu pra perceber, é difícil delimitar onde começa uma possível crise bancária e por qual motivo

Crises, intrinsicamente, são sistêmicas, isto é, fazem parte de um “todo”.

Vejamos o quadro abaixo pra melhor compreender

Mais importante do que formatá-la, talvez seja graduá-la.

Ou melhor, calibrar a sua probabilidade…..

Booms de crédito, recessões longas ou não, e bolhas de imóveis e ativos estão espalhados pelo mundo…..

Em alguns países, a dinâmica e as interações foram de baixa amplitude ou de médio impacto-intensidade.

Em outros países, a dinâmica e as interações foram de alta amplitude ou de alto impacto-intensidade.

Não me parece que o Brasil se encaixe na categoria “médio”

No Brasil, preços dos imóveis foram fortemente inflacionados, o fluxo de capital, seja por busca de altos retornos ou pelo boom das commodities, foi de forte e alta intensidade.

Por fim, um trágico desempenho econômico, espelhado em quedas exageradamente altas do PIB nos últimos meses, não ameniza em nada a dinâmica negativa provocada pelo boom dos imóveis e do crédito.

Talvez seja por isso que sintomas como spreads bancários, taxas de juros e provisões estejam em níveis dos mais altos dos últimos 6 anos para quase todos os segmentos; e em claras tendências de alta; numa outra direção, vemos um colapso nas demandas de crédito.

Spreads praticados pelos bancos…..patamares já acima dos praticados em 2011, e, em clara tendência de alta

Fonte: Banco Central

Taxas médias de juros praticados pelos bancos…..patamares já acima dos praticados em 2011, e, em clara tendência de alta

Fonte: Banco Central

Provisões, em todos os segmentos, em tendência de alta; ainda que modestos em comparação ao final dos anos 90, período conturbado, confuso, porém, ainda muito melhor do que o atual.

Fonte: Banco Central

Condições de crédito em absoluto colapso……as quedas drásticas praticadas nos últimos 12-15 meses vistas abaixo são um claro sinal de que a predisposição de emprestar dos bancos é muito diferente daquela verificada em períodos recentes.

Fonte: Banco Central

Há uma crise bancária no Brasil ?

Acho que essa não é a pergunta a ser feita…..

O modelo acima discutido sugere. no mínimo, que devemos debater mais e mais……estudar mais e mais….pesquisar mais e mais

A pergunta a ser feita é:

Há uma Crise bancária em gestação no Brasil ?

http://pracompraroupravender.blogspot.com.uy/

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