Valorização do real já começa a prejudicar exportação

Setores beneficiados pelo câmbio temem perder mercado neste ano
FERNANDA PERRIN
FOLHA DE SÃO PAULO
08/08/2016 02h00
O mercado externo tem aliviado a crise da indústria, cujas exportações foram impulsionadas pelo câmbio favorável. A recuperação do real frente ao dólar, porém, já coloca empresários em alerta.
O coeficiente de exportações da indústria, que mostra o quanto da produção é vendida para o exterior, atingiu 21,2% no trimestre móvel encerrado em maio, maior patamar para o período na série histórica iniciada em 2002, de acordo com pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
No segmento de veículos, principal manufaturado da pauta de exportações brasileira, o indicador saltou de 17,2% nesse trimestre móvel em 2015 para 25,4% no mesmo intervalo neste ano.
“Nos últimos anos, as montadoras olharam muito para o mercado interno, que cresceu exponencialmente até 2013. Outros mercados foram abandonados. Quando a situação reverteu, a saída foi exportar para manter as fábricas produzindo”, diz Ricardo Bastos, diretor de relações públicas e assuntos governamentais da Toyota.
Durante a recessão, a empresa começou a exportar para Uruguai e Paraguai.
Outro setor que ampliou seu coeficiente foi o de calçados,cujo índice foi de 28,8% para 32,8%. As vendas do segmento são especialmente sensíveis a variações nos níveis de emprego e renda no mercado interno. Com menos dinheiro no bolso, as pessoas tendem a concentrar gastos em despesas essenciais e cortar itens supérfluos.
As vendas para o exterior do Grupo Priority (dono das marcas West Coast e Cravo & Canela), por exemplo, subiram 40% no semestre, segundo Silton Freire, gerente de exportações. Para isso, a empresa aumentou a participação em feiras internacionais e, em outubro, deve ir à China pela primeira vez.
A melhora nas vendas externas aconteceu mesmo entre setores cujas exportações são tímidas, como a indústria têxtil, uma das mais vulneráveis a oscilações econômicas. No período, o coeficiente passou de 17,6% para 21,2%.
A desvalorização do real foi o motor dessa mudança, ao baratear os produtos brasileiros no exterior. A moeda, porém, vem se recuperando frente ao dólar e organizações da indústria, como a Fiesp e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), já reclamam.
“Bastou um ano de um câmbio um pouco mais realista para que a indústria voltasse a exportar. Mas infelizmente isso está sendo colocado em risco de novo”, afirma Thomaz Zanotto, diretor de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp.
FÔLEGO CURTO
Aumentar a fatia da produção exportada deu um respiro à indústria. A estratégia, porém, não é capaz de recuperar o setor.
Hoje, quem puxa a atividade econômica é o setor externo, mas ele não tem força suficiente para tirar a indústria da crise, afirma Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
“A ampliação das exportações tem um fôlego limitado. Ela ajuda, mas não resolve o problema. Para recuperar a indústria, você precisa do retorno do mercado doméstico”, afirma Cagnin.
Outro problema é que o empresariado brasileiro não é o primeiro nem o único a ver no mercado internacional uma saída para seus problemas -e, com a economia global em baixa, a disputa fica ainda mais acirrada.
Nesse cenário, a valorização do real tem um impacto grande sobre a competitividade dos produtos.
“Ela joga areia nessa engrenagem de aquecimento via exportação. Se você tirar o câmbio da indústria, esse processo de estabilização pode vir a dar em água”, afirma o economista do Iedi.
Apesar de ver um risco na valorização do real, Cagnin diz que a defesa de um câmbio mais competitivo não pode ser desculpa para ignorar problemas internos que prejudicam a competitividade da indústria brasileira, como gargalos de infraestrutura e carga tributária elevada.
“O fato disso não estar sendo feito é o que torna o câmbio ainda mais importante neste momento”, acrescenta.
IMPORTAÇÕES
Além de favorecer as exportações, a valorização do dólar encareceu as importações feitas pelo Brasil, estimulando sua substituição por produtos nacionais. O movimento ajuda quem sofre com a concorrência estrangeira.
No setor têxtil, o coeficiente de importações, que mede a quantidade do consumo interno suprido por mercadorias vindas do exterior, passou de 20,4% no trimestre móvel encerrado em maio de 2015 para 17,0% em igual período neste ano, segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Por outro lado, o dólar forte eleva os custos das indústrias que dependem de insumos importados.
“O ideal para nós é que o câmbio fique entre R$ 3,00 e R$ 3,40. Dá para sustentar as exportações sem encarecer nossos componentes importados”, afirma Ricardo Bastos, diretor de relações públicas e assuntos governamentais da Toyota.
A retomada da demanda interna, prevista por analistas para 2017, não deve reduzir as exportações, diz Cagnin. Como as indústrias operam com grande capacidade ociosa, elas devem ser capazes de aumentar a produção sem reduzir os envios para o exterior

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